quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quando o último é o primeiro...

Ao terminarmos nossa peregrinação, sentimos que todo cansaço, esforço, dúvidas ou medos na verdade são sentimentos que se tornam pequenos, passageiros e que não deixam marcas como a emoção de entrar no pátio da básilica, olhar o odômetro da bike conferindo os quilômetros rodados e ver ao seu lado a pessoa amada feliz, compartilhando da sua felicidade.

Pois é, assim que me senti naquele momento, uma emoção inexplicável. Quando avistei ao longe a básilica este sentimento já começou a mexer comigo e me passou o filme inteiro, desde a primeira coversa sobre a viagem, passando pelo planejamento e estudos da viagem até este momento.
Conclui que na verdade aquele não foi o último momento da viagem, não foi o último quilômetro, não foi o último esforço, na verdade foi o primeiro ato da próxima viagem, sim, como já li sobre os peregrinos do Caminho de São Tiago de Compostela, você se torna peregrino desde o momento que pensa em uma viagem desta, e naquele momento foi a primeira vez que pensei na próxima viagem.....

Abraços à todos, fiquem com Deus, pedalem, pratiquem esportes, sorriam, compartilhe seus sonhos com quem você ama, isso me deu energia, força e a certeza que logo estaremos empoirados, subindo, descendo... peregrinando neste maravilhoso caminho.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Caminho da Fé - 7º e último dia

16/05/09
Cada dia com sua emoção. Parece que vai ser fácil... não é!

Acordamos em Campos e tomamos o café da manhã com todos os peregrinos, com direito a muita conversa e troca de e-mails.
Os caminhantes partiram rapidamente, enquanto ficamos papeando com os donos da pousada, o Nelson e a Marilda. Afinal, não queríamos sair muito cedo, apesar da distância, +ou- 72K, era tudo por asfalto.
Quando o Agnaldo foi preparar minha bike, descobriu que o pneu da frente estava furado. Ainda bem que vimos antes de sair, sem os alforges. Ao todo, o terceiro furo, em menos de 2 dias... Quando começamos a pedalar, apesar de não estar chovendo, podemos perceber que o vento deixava o ar bem mais frio, tive que parar e me agasalhar melhor!

Quando começamos a descer a serra, o susto foi maior, não só com o frio, mas a neblina estava intensa! E para complicar, começava uma garoa gelada, que chegava no dedão do meu pé... acabava de perceber que sapatilha não é ruim só para caminhar nas pedras, como não ajudava nem para nos proteger do frio!!!
Foram 20K de puro sofrimento! Tráfego intenso, frio, chuva e neblina!!!
Quando terminou a serra, pedi ao Agnaldo para pararmos em um posto rodoviário... eu estava com os pés congelados! Que desespero!
Após a serra, o tempo estava fechado mas sem chuva, sem neblina... podemos continuar numa boa! Agora era seguir em frente até Pindamonhangaba. Como eu queria esquentar, firmei o pedal e toquei forte!
Conseguimos chegar na pousada Anjos do Bosque às 12h30, o último carimbo antes da chegada em Aparecida! Comemos um rápido lanche na padaria local e seguimos viagem. Afinal, 30K de asfalto não assustam, correto? E desses 30, 12K eram de ciclovia...

Depois de mais ou menos 10K pedalados, o pneu dianteiro da minha bike estoura! Meu Deus, de novo! O 4º furo e só na minha bike...
O mais engraçado foi que paramos na frente de uma loja fechada e fizemos a emenda, porque não tinha outra câmera de bico fino que cabia na minha bike, deu um pouco de trabalho... alguns metros à frente avistamos uma bicicletaria... bom heim!??
Continuamos e agora o sol estava bem forte, as nuvens se dissiparam e o céu estava limpo e bem bonito! Curtimos os poucos quilômetros que faltavam, tirando fotos e sorrindo!

Quando avistamos a basílica, era exatamente 14h45.
A cidade, como sempre, cheia de ônibus e muita gente! Quando conseguimos entrar na basílica, o relógio apontou 15h.
Não tínhamos onde deixar a bike com os alforges para buscarmos o certificado. Tivemos que tirar tudo e levar com a gente!!! Que trabalho!!!
Mas, quando conseguimos chegar e chegar bem... tudo é festa!

O pior mesmo foi encarar a cidade de Aparecida e conseguir um hotel, em pleno sábado!!!
Dá-lhe cansaço... mas um cansaço acompanhado de missão cumprida!
Valeu cada segundo dessa viagem, foi inesquecível.

Agradeço a Deus e a Nossa Senhora por essa benção divina.

Odômetro:
Dst - 75.13K
AV - 19.5 k/h
Tm - 3h50min.

Carimbos do dia:
CAMPOS DO JORDÃO-SP
• Pousada dos Peregrinos
PINDAMONHANGABA
• Pousada Anjos do Bosque
APARECIDA DO NORTE-SP
• Basílica Nossa Senhora da Aparecida

domingo, 25 de outubro de 2009

Detalhes que fazem a diferença

No final de cada dia, antes de irmos dormir, fazíamos um planejamento prévio do dia seguinte, imaginando onde iríamos chegar, onde comer, qual o trecho mais difícil. O planejamento é essencial, ainda que não seja seguido rigorosamente. Algo que tínhamos planejado semanas antes do inicio da viagem era passar uma noite na POUSADA CASA DA FAZENDA na cidade de Paraisópolis, por uma simples razão, a qual a Ro já descreveu, o escalda pés, sem comentários. O cenário da fazenda, a boa comida, o escalda pés, os livros, a boa conversa, tudo isso nos deu mais animo para a fase final de nossa viagem. Mas o melhor de tudo é estar ao lado da pessoa amada e ver nela a alegria de compartilhar as mesmas coisas.

Hoje tenho que escrever sobre a importância do preparo para enfrentar toda e qualquer dificuldade. Neste dia tivemos dois furos de pneus e uma corrente quebrada, pneu furado é comum, todo ciclista de final de semana deve saber consertar para não ficar parado no meio de uma trilha, mas consertar corrente .... para mim era um tabu, um mistério. Tenho aquele canivete multi-função, que entre várias ferramentas tem a chave para consertar correntes. Mas ter essa ferramenta e não saber usá-la é melhor nem ter, pois a frustração pode ser maior.

Na noite anterior ao inicio de nossa vigem, ainda em Campinas, eu fui até a oficina do Paraíba, nosso mecânico de muito tempo, falei com ele do meu temor, e ele em 5 minutos me deu uma aula de como consertar uma corrente, me deu uma peça chamada de hiper-link para fazer a emenda da corrente, com tudo isso, ficou fácil, em 20 minutos consertamos e tudo ficou bem.

Mas alguns detalhes não podem ser esquecidos, o local onde paramos para esse conserto, um alto de serra, lindo, era o local escolhido por muitos gaviões, foi muito legal ficarmos ali, com a garoa fina, o frio e os gaviões voando baixo. Outro detalhe é que descendo a serra veio um carro da secretaria de educação de Minas Gerais com duas simpáticas senhoras, elas pararam para conversar um pouco conosco, querendo saber se éramos peregrinos do caminho da fé, após uns minutos de conversar elas se despediram com “Deus vos abençoe” e isso soa como um bálsamo, como uma energia capaz de reativar em nós a capacidade de vencer os obstáculos e nos dando a alegria de sermos peregrinos num caminho repleto de pessoas boas, amorosas e de muita fé.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Caminho da Fé - 6º dia

15/05/09

Depois de uma noite maravilhosa de sono, sem ao menos escutar a chuva que caiu a noite inteira... só fiquei sabendo disso no café da manhã! E que café da manhã... nem dá muita vontade de ir embora da pousada, mas... tínhamos que seguir caminho, a nossa aventura estava quase terminando!
Feita as despedidas, fotos e trocas de e-mail... partimos para Luminosa!

1.500 metros após a pousada, sinto a traseira da bike muito pesada... furou meu pneu!!!
Caraca... tira os alforges, vira a bike e, lá vamos nós, trocar o primeiro pneu furado da viagem!
Ainda bem que não estava chovendo, só nublado.

O piso estava pesado e lamacento, mas a pedalada estava rendendo e eu estava me sentindo muito bem, foi quando ouvi o Agnaldo gritar:
– Ai, quebrou minha corrente!!!
E eu respondi:
– Putz!!! Pensei comigo... agora fu...!

Deu pra perceber que sou uma pessoa totalmente positiva, não? O Agnaldo não ficou mais, nem menos triste ou alegre, ficou preocupado (era a primeira vez na vida de biker do Agnaldo que iria arrumar uma corrente!). Até quando o problema é com ele, ele fica prestativo! Eh, garotão!!!
Pena que é corinthiano... hehe

Demorou para acharmos um lugar para consertar a corrente, tivemos que andar um bom pedaço, pois o caminho era estreito! Foi lindo... demorado, mas lindo... ouvir o "clique" do hiper link que o Paraíba arrumou pro Agnaldo, caso acontecesse isso! É o professor Paraíba ajudando novamente! Perfeito!
Continuamos... subimos, subimos, subimos... descemos...
subimos, subimos, subimos... com muita lama... até avistarmos uma cidade, ao longe, encravada entre as montanhas, era Luminosa! Linda, perfeita!

Um peregrino nos disse que, se o prefeito murasse toda a cidade e colocasse um portão grande de madeira, poderíamos chamá-la de Roma!!!


Chegamos na Pousada Nossa Senhora das Candeias, da Dona Ditinha. Outra abençoada mulher. Essas pessoas são escolhidas a dedo, correto? Dedo divino...
Quando desço da bike, escuto um barulho no pneu dianteiro... é o dia dos furos...
Pedimos informação do caminho para Campista e nos disseram que estava impossível de subir, nem 4x4 conseguia! Teríamos que seguir pela estrada, direto até Campos do Jordão!
Descolamos uma carona, a chuva e o frio estavam desanimando... mas foi a pior escolha que fizemos. O sujeito fez um caminho horrível, o Agnaldo teve que ir na caçamba da caminhote, passou mal, o pior momento da viagem, pra esquecer!!!
Nos deixou perto de Campos e seguimos viagem pela estrada até a pousada Refúgio dos Peregrinos - dos divertidos Edison e Marilda.

Deixa eu fazer uma proposta indecente pra esses dois: – Edison e Marilda, se um dia quiserem passar o ponto... zerinho!!!

Chegamos na pousada molhados e com muito frio, pneu furado e passando mal. A recepção foi na calçada, com abraços e sorrisos... seguindo a tradição do caminho!
Direto pro banho... quando fomos almoçar, avistamos um vinho, uma garrafa de Santa Helena que mais parecia um Romaneé-conti... foi o melhor almoço de todos os tempos, hehe
De calça de moletom, meia e chinelos, pegamos um taxi e fomos passear no bairro Capivari. Andando no meio de donzelas de echarpe... sentamos no balcão da loja de chocolates Toco e nos servimos de 3 copos de chocolate quente, cada um experimentou um sabor: ao leite, branco e mesclado. Oh Lord!!!
Podemos começar tudo de novo, porque sabemos que vamos chegar aqui...

Odômetro de Paraisópolis até Luminosa:
DST - 18.78
AV - 8 km/h
TM - 2h19min

Carimbos do dia:
BRAZÓPOLIS - MG (Distrito de Luminosa)
• Pousada N. Sra. das Candeias
CAMPOS DO JORDÃO - SP
• Refúgio dos Peregrino

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

PODEM ACREDITAR, EXISTE MESMO

.... é verdade, podem acreditar existe mesmo, TOCOS DO MOGI, uma pequena cidade, bem pequena, em um vale, subimos muito para chegar em Tocos, quando atingimos o pico da serra que antecede a cidade fiquei surpreso, do alto não se via nada, a estrada começa a descer, descer, descer, alucinante se fosse uma daquelas provas de uns anos atrás, onde nem precisaria de usar os freios da bike, mas com alforge, cansados e com o objetivo de concluir o Caminho da Fé ilesos, não podíamos abusar, e foi a pior descida da minha vida, pior no sentido de longa, demorada e cheia de armadilhas, nunca fiz uma descida querendo que terminasse como aquela, mas enfim chegamos ao final, e PODEM ACREDITAR, EXISTE MESMO, estávamos em Tocos do Mogi, vejam a foto que a Ro postou, é aquilo mesmo.
Mas com anjos maravilhosos, fomos bem recebidos como sempre, jantamos em um bar, comemos pasteis feito com farinha de milho, é farinha de milho, só em Tocos, saudades.
Abraço a todos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Não tem preço!


3h da tarde
longe de casa
vivendo simples
é uma sensação
é maravilhosa
é férias

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Caminho da Fé - 5º dia

14/05/09
As ruas, em Tocos do Moji, são escadas!!!
Abaixo, com D. Teresinha e marido


No dia anterior, cheguei muito cansada, não consegui relaxar e minha perna doeu a noite inteira, então pedi ao Agnaldo para descansarmos por 1 dia! :(

Não tenho vergonha nenhuma em admitir meu cansaço, porque sei dos meus limites e sei que pedalei forte. Quando chego e não consigo relaxar, não consigo ter uma boa noite de sono, acordo pior do que quando deitei! Fiquei chateada pelo Agnaldo, que estava com pique pra pedalar 24h se pudesse... mas ele é a pessoa que mais me respeita, sabia que eu não estava exagerando! Só que infelizmente não podíamos ficar para descansar e partir no próximo dia, precisávamos pensar em alguma saída.

Enquanto descansávamos, no banco em frente à pousada (Pousada do Peregrino - Tocos do Moji), se aproximou uma garota, chorando, dizendo que estava pedalando com outras 3, mas estava muito cansada, não aguentava o ritmo do pedal, ia parar! Soube que nós estávamos pensando em pegar uma condução até a próxima cidade e veio perguntar se podia nos acompanhar.
Muito bem, conseguimos uma carona até a cidade seguinte, Estiva, onde ficou a garota, não quis continuar (a nossa intenção era completar o percurso do dia, de um jeito ou de outro, e no dia seuinte, pedalar), disse q iria ligar pra família ir buscá-la, que não fazia sentido continuar, voltaria uma próxima vez, com outro ritmo, para terminar.

Conseguimos outra carona até Consolação e depois até Paraisópolis, que era nosso destino final... do dia!

Em Paraisópolis, quando estávamos passando pela praça, avistei um quiosque no centro da praça, onde vendia Copo de Açaí, isso mesmo, um copo! Copo ou tijela... era tudo o que eu queria naquele momento... que maravilhoso!!!


Em seguida partimos rumo à Pousada Casa da Fazenda (propriedade de Edson Ferreira), que fica 6k da cidade. Ali eu tinha que parar, pois anunciava... escalda pés... você já fez um simples escalda pés? se não fez, faça. se fez, sabe do que estou falando, é ou não é maravilhoso? Que delícia de lugar, só para peregrinos frescos... de Campinas, hehe
Banho quentinho, uma super lasanha, escalda pés (água bem quente, sal grosso, hortelã e alecrin)... depois de 5 dias pedalando e dormindo simples, foi a primeira noite de luxo. Dormi feito criança, todas as dores sumiram!

Carimbos dia dia (só na carona!!!):
Estiva - MG
Consolação - MG
Paraisópolis - MG

É isso, quando o cansaço bate, quando sentimos chegar no limite... desencane, descanse, você só deve a você mesmo, e, férias, são férias!!!
Sempre terá uma próxima vez...

Final da tarde em Paraisópolis. Frente da Pousada da Fazenda.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Caminho da Fé - 4º dia

13/05/09

Nem sei por onde começar... passamos por 5 cidades, só neste dia!
Começarei falando por onde saímos, Barra. O Acolhimento da família de João Batista, foi mais um exemplo de simplicidade e doação, das famílias que abrigam os peregrinos. Desde a chegada, com a festa dos cachorros, o queijo fresco com cerveja e o jantar, com direito a frango de panela com batatas. Tudo de bom! Outra família trabalhadora e abençoada, que acolhe os peregrinos, dentro de sua própria casa, compartilhando o seu dia a dia.
João nos contou, que de madrugada, ouviu um barulho de trovoada. Ficou muito preocupado, pois não tinha recolhido o café, que deixou espalhado secando! Levantou e foi até o terreiro onde trabalha... responsabilidade! Nos deu muitas dicas do caminho, pois o fez à pé.
Acordamos 5h30, mas só conseguimos sair 7h. Só para arrumar tudo da bike, demora mais de meia hora!


Pegamos a trilha para Crisólia - 15k - que fizemos em 1h30,muito bom, tanto o tempo quanto a trilha em si. Carimbamos nossa credencial no Bar da Zeti, com a própria, que nos preparou um pão com queijo, para seguirmos caminho. Ouro Fino - 7k - rapidinho!
Era feriado em Ouro Fino. Comemoração da padroeira da cidade, Nossa Senhora de Fátima.
Passamos rapidinho pela cidade vazia à caminho de Inconfidentes - 9k.


Tivémos uma dificuldade maior, mas estávamos com gás. Na ida, demos de encontro com uma festa popular da cidade, a Congada. Quando paramos para ver a comemoração, os organizadores vieram conversar com a gente e, contar, que além de exaltar a cultura negra, era uma maneira de incentivar o caminho da fé. Com isso, nos anunciaram para o povo, que nos aplaudiram, nos abençoando como peregrinos... vocês imaginam o que se passou nesse momento? um misto de orgulho com responsabilidade...

Em Inconfidentes paramos em dois lugares, o bar do Maurão. Na porta do bar, ele tem uma gaiola com a "portinha" aberta. Sim, ele deixa comidas no chão da gaiola e simplesmente os pássaros entram pra comer e saem quando querem... isso é liberdade heim!
Logo em seguida, fomos para a Pousada Águas Livres, mas o local estava fechado. Encontramos uma garota que é sobrinha da dona da pousada. Ela também fica com o carimbo, caso os peregrinos passem e o local esteja fechado, como aconteceu, ela pode nos atender. Seguimos para Borda da Mata, sem parada para o almoço.

Mais 16K. A trilha começava a complicar e o sol estava bem forte (13h). O pior era empurrar a bike, morro acima, nos caminhos de pedra. Chegando à cidade, descolamos uma padaria deliciosa, ao lado da pousada onde carimbamos a credencial. Fizemos um lanche e seguimos para Tocos do Moji - 16K.
Oh my god!!!!
Além do percurso ser bem difícil, com 70% de subidas, o cansaço e o sol não deixavam o pedal evoluir, foi um pedaço de superação. Subidas muito íngremes e bem longas. Só empurrando, mas mesmo assim, com paradas para o descanso! Levamos 3h para completar essa trilha... podemos enumerá-la como uma das piores, mas sem saber o que vem pela frente!

Chegamos na Pousada do Peregrino, da Dona Tereza.
Banho e janta... agora só descansar!

Como o Agnaldo já comentou, a nossa maior preocupação era com o prazo que tínhamos para terminar o caminho. Apesar do atraso do 3º dia, no 4º dia conseguimos evoluir e completar o programado, mas chegamos quebrados e, dali pra frente, era só pedreira, não tem trilha fácil!

Teríamos que ter pensar em uma saída... mas isso era coisa pra outro dia...

DST - 68K
AV - 9.5 km/h
TM - 7h13min

Carimbos do dia:
CRISÓLIA (Municipio de Ouro Fino - MG)
• Bar da Zéti
OURO FINO - MG
INCONFIDENTES - MG
• Bar do Maurão
• Pousada Águas Livres
BORDA DA MATA - MG
• Hotel Village
TOCOS DO MOJI - MG
• Pousada do Peregrino

:)

domingo, 30 de agosto de 2009

Um caminho repleto de “ANJOS”


O terceiro dia foi maravilhoso, na verdade todos foram, cada um com sua particularidade. Começamos este dia animados, e com uma meta de pedal mais tranqüila, lembrem-se: tínhamos que terminar o Caminho da Fé em um tempo determinado, o que nos pressionava a manter metas, porém neste dia, resolvemos “ir de leve” sem se importar com o prazo.

Seria redundância falar das subidas intermináveis e maravilhosas, ou mesmo do cenário fascinante, mas nunca será demais falar dos “Anjos” que estão no caminho para hospedar, alimentar e dar suportes aos peregrinos. A Rô já falou da Dna. Natalina, na Serra dos Limas, sensacional, e olha que esta bondosa senhora não queria que recomeçássemos o pedal antes dela fazer pão e café (que seria torrado na hora), não pudemos esperar, partimos em rumo ao outro local.

Chegamos a Barra bem cedo, mesmo nos perdendo (sem comentários, o caminho é muito bem sinalizado), fomos recebidos pelo Tio João, em sua pousada reside uma família inteira de anjos: João, a esposa e seus dois filhos.
Deste dia ficou para mim a mensagem que existem pessoas que quando se dispõe a fazerem alguma coisa com amor, fé e alegria, elas conseguem contagiar aqueles que cruzam seu caminho, fazendo uma enorme diferença. Eu sei que minha vida mudou para melhor depois que vi, conversei e tirei fotos com anjos.

Abraços a todos, Agnaldo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Caminho da Fé - 3º dia

12/05/09

Fiz um acordo com o Agnaldo, hoje vamos pedalar menos, assim, tento descansar um pouco.
Saímos relativamente cedo da pousada Pico do Gavião, descendo para Andradas, apenas 10K, em um caminho que mais parece um single track ladeira abaixo... no final da descida, encontramos um casal que estava completando o caminho à pé, de Santa Catarina. Esses, fazem competição de caminhada, um barato!


Carimbanos nosso passaporte no hotel da cidade (Palace Hotel) e paramos na praça, para ligar na pousada seguinte, que pede ao peregrino que avise, caso tenha a intenção de almoçar ou pernoitar. Foi quando um taxista veio conversar com a gente, se dizendo devoto de Nossa Senhora, abençoando nossa jornada.

Seguimos então para Serra dos Lima, mais 14K. Caminho agradável, muito bonito e com muita subida também!!! e vamos nós empurrando as bikes morro acima. O Agnaldo me ajudou muito, ele fazia assim: levava a bike dele pro topo e voltava buscar eu e minha bike. Com isso eu ganhava um tempo pra descanso... pelo menos achei vantagem, na hora!

Chegamos na Pousada da Natalina, uma graça de pessoa - está ficando redundante escrever isso - que nos preparou um belo macarrão com molho de milho verde, delicioso... lá encontramos outro casal de peregrinos, de São Carlos. Na verdade, eles são fugidos de São Paulo, fugidos no bom sentido, no sentido de que todos cansam da agitação e neuras da grande cidade... eles também iam pousar em Barra, mais 7K. Como o caminho era tranquilo, ficamos mais um pouco para descansar e conversar com Dona Natalina, enquanto os caminhantes seguiram caminho...

A vontade de chegar cedo e descansar era tanta, que erramos a entrada da pousada em Barra e acabamos andando mais 2K! Só nós mesmos... chegamos n a divisa com Jacutinga, por terra. Até um mineirinho simpático nos abordar, vendo dois perdidos embaixo da placa: - Acho que vocês passaram a entrada, sô!!! Volta um bocadinho...
E lá fomos nós, retornando até a entrada da cidade, que dá no "campo de futebol"... é verdade! basicamente Barra se compõe de: um campo de futebol, com um bar do lado, uma igreja, uma escola e a rua de casas... nem no google earth aparece essa cidade! Mas nós estivemos lá...

Chegamos na Pousada do Tio João, figurassa!
Só pensando em tomar um banho, descansar, comer bem e se preparar para o dia seguinte.

Carimbos do Dia:
ANDRADAS
• Palace Hotel
SERRA DOS LIMA (Municipio de Andradas- MG)
• Pousada da Dona Natalina
BARRA (Município de Ouro Fino - MG)
• Pousada do Tio João - João Batista

:)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Planejamento X Limite

O segundo dia foi um dos mais difíceis por duas razões principais:
1º - A ansiedade que gera uma força positiva já não existe mais, agora estamos no caminho e não tem volta.
2º - Quando se tem uma data limite para terminar o caminho e seu prazo é curto, haverá uma pressão para cumprir o planejamento independentemente se o pedal do dia é longo ou não.
Com toda a exuberância do cenário e a alegria de estarmos fazendo o que queríamos, nos deparamos com uma dificuldade: o trecho do dia era longo, não tanto quanto o do primeiro dia, mas com muitas subidas e o cansaço chegou mais cedo.
Depois da metade do caminho à percorer, chegamos em Águas da Prata, sede do Caminho da Fé. Lá conhecemos o Sr. Clóvis, um dos idealizadores do caminho, que nos deu informações precisas e muitas dicas importantes. Estávamos com medo do horário que iríamos chegar no Pico do Gavião, mas o Sr. Clóvis disse que pelo horário, conseguiríamos chegar na pousada ao anoitecer, que o lugar era aberto e muito bonito. Disse para aproveitarmos e alertou: – Se chegássemos a Luminosa por volta das 13 horas não deveríamos seguir para Campista, pois o ideal seria reservar um dia inteiro para este trajeto de apenas 13 km! (assunto para o 6º dia). Mas que para o Pico do Gavião, mesmo no escuro, iríamos curtir a pedalada!
Pico do Gavião, lugar conhecido no Brasil e no exterior pelos amantes do vôo livre, dá para imaginar a parede que tínhamos que subir pedalando? O que mais curtimos no pedal são as subidas, não temos problemas com isso, porém estávamos nos adaptando ao peso da bike com os alforjes e a noite vinha chegando.
Perto das 18 horas, quando na serra começa a escurecer, bateu uma preocupação, meio sem sentido, mas motivada pelo cansaço. Ela veio e começou a nos incomodar. Essa tal de preocupação não pode acompanhar o peregrino nunca! Por alguns momentos ficamos agitados, nervosos, pensando na escuridão e deixamos de apreciar o que estava a nossa volta, a beleza da escuridão e o som ensurdecedor do silencio. Depois de algumas reclamações e resmungões, coloquei o farol na minha bike, a Rosana não quis que colocasse na bike dela, porque realmente faltava muito pouco. Porém, muito pouco em subida, significa só muito e nada de pouco, mas para não aumentar a voltagem da nossa conversa, eu topei e fomos só com o farol da minha bike, loucura total! Em poucos minutos ficou o maior breu e eu pedalava meio que em zig zag, tentando iluminar o meu caminho e o dela. Foi uma comédia, pensando nisso agora, mas na hora, foi um terror. Basta ler o relato da Rô sobre o segundo dia. Chegamos pouco antes das 19 horas.
O que aprendemos disso: As informações são precisas, não tem erro, tanto que chegamos perto do que planejamos e o mais importante: CONFIANÇA NO SEU PEDAL OU CAMINHADA, isso é fundamental para se evitar stress desnecessários. Depois dessa experiência, resolvemos pedalar mais light no outro dia, que foi um dos mais sensacionais da jornada.
Abs. Guina

domingo, 9 de agosto de 2009

Caminho da Fé - 2º dia

11/05/09
Saímos da Cidinha às 8h, já com saudades da hospitalidade e acolhimento!

Seguimos morro acima em direção à São Roque da Fartura. Um belíssimo caminho, com bastante morro, um sobe e desce sem parar... pensávamos: porque subir tanto se vamos descer??? hehe
Mas a paisagem desse local é formidável, terras muito produtivas, dá gosto. Em São Roque da Fartura, pra chegarmos na Pousada da Cachoeira, ou Pousada da Cida - como é mais conhecida - tivemos que vencer uma parede. Sabe o que é subir uma parede? Só sabe quem passou por lá...

Chegando na pousada, Dona Cida tinha ido à cidade, ou melhor, ao banco. Mas tudo é feito para deixar o peregrino à vontade. Na parte de baixo da casa tem o quarto com as beliches e banheiro. Mesmo a dona da casa não estando, a porta fica destrancada. Isso é para mostrar que existem pessoas que acreditam no próximo e que acreditam no caminho.
Logo em seguida chega Dona Cida, uma senhora muito simpática... descubro que é uma campineira de coração. Dona Cida é prima do falecido seu Borges, dono de uma academia de judô bem conhecida na cidade. Passou boa parte da sua infância na cidade das andorinhas... eh mundo pequeno!
Tomamos um água, super, hiper, mega gelada, que vem da nascente da pousada, tiramos umas fotos e seguimos para Águas da Prata. O dia ia ser longo, não podíamos perder muito tempo. Além do mais, o trecho até a sede do caminho é de 16k. Trecho forte!
Quando estávamos pra chegar na cidade, pegamos uma descida que mais parecia um single track estilo downhill... de doer as mãos! Encontramos uns caminhantes, de São Paulo, descançando no meio da descida.

Chegamos na sede do caminho às 13h.
Fomos almoçar num restaurante perto da rodoviária e voltamos para a sede, só pensando em descançar um pouco.
Às 15h saímos em direção à pousada do Pico do Gavião, 24k.
Essa foi mais do que mega power super hardy... tinha que descer da bike e empurrar! Como é ruim andar nas pedras de sapatilha!!!
Como o caminho era muito difícil, com muitas subidas impossíveis de pedalar, eu já estava cansada e começando a escurecer, me deu desespero! Fechei a cara e queria jogar a bike em qualquer lugar, me questionando aos prantos o que mesmo eu estava fazendo naquele lugar, nas minhas férias!!!
Me lembrando agora... q dó do Agnaldo... ele, todo paciente, arrumou a bike e colocou os faróis...
Chegamos na pousada às 18h50. Foram quase duas horas pedalando no escuro, em um local desconhecido, mas eu podia ter me saído melhor... ah podia!
Estava com um humor terrível, mais azeda que abacaxi azedo... limão talvez!!!
Cansada, muito cansada, de doer as pernas e sentir que meus batimentos não queriam voltar ao normal... nesse momento pensei em jogar a toalha, desistir. Já não conseguia refletir sobre o objetivo de estar lá! É duro... bastante!

Achei melhor pensar amanhã e tentar dormir.

Carimbos do dia:
SÃO ROQUE DA FARTURA (Município de Águas da Prata)
• Pousada Cachoeira (Da. Cida)
ÁGUAS DA PRATA (Sede do Caminho da Fé)
• Pousada do Peregrino
ANDRADAS - MG
• Pousada Pico do Gavião

DST - 54K
AV - 9.3 km/h
TM - 7h12min
:)

domingo, 2 de agosto de 2009

Vencendo a ansiedade

CREDENCIAL
A credencial é um documento que o peregrino retira na cidade onde inicia sua trajetória. Esse documento deve ser carimbado nas pousadas ao longo do trajeto e apresentado na Secretaria da Basílica de Aparecida, para recebimento do Certificado de Conclusão.
A sede do Caminho da Fé é em Águas da Prata/SP, onde fica a Associação dos Amigos do Caminho da Fé. Nesta cidade o caminho foi inaugurado em 11.02.2003, porém as credencias podem ser retiradas em varias cidade, portanto a numeração de nossas credencias 3.600 e 3.601 refere-se às credencias retiradas somente em Tambaú.
O fascínio que a credencial exerceu sobre nós foi impressionante, a cada carimbo conquistado sentíamos a emoção de uma etapa atingida. Só estando lá para sentir o valor e a importância de um simples “carimbo”. Através de coisas simples podemos realizar grandes sonhos.

SUBIDAS

Constatamos logo no início o que já sabíamos!
Quando fica impossível de pedalar e temos que empurrar a bike, usando sapatilhas e com o peso dos alforjes, a dificuldade é tremenda. As pedras e erosões fazem com que apoiemos as pontas dos pés no chão e o taco (uma trava de metal, que fica na sola da sapatilha) escorrega, ou seja, fazemos muito mais força empurrando a bike do que pedalando.
E olha que as subidas nesse nível não foram poucas, algumas intermináveis. Sabe quando você vê uma curva e pensa “depois dessa curva acabou” e descobre que você só subiu a parte mais fácil, que a pior esta a sua frente? Então isso foi comum, tanto que desenvolvi a técnica da “copa das árvores”. Eu falava para a Rosana: - Tá vendo a copa das árvores? Não tem mais nada além daquelas logo ali na frente, o que significa que a subida terminou, uhuuuu. ... estava enganado, era uma curva e tinha muito mais, mas nem ligávamos, na outra subida eu falava a mesma coisa, e servia de alento. O importante é que eu estava acompanhado de uma pessoa maravilhosa, persistente, às vezes até teimosa, e os obstáculos eram vencidos a cada dia, com maior ou menor dificuldade, mas eram vencidos.

CASA BRANCA
Chegamos a Casa Branca na hora do almoço e, resolvemos procurar um lugar no centro da cidade, confesso que fiquei assustado. A cidade abriga um presídio, muitos dos familiares dos presos se mudaram para a região. Nos finais de semana, por causa da visita, muitas pessoas de fora vão para lá, com isso, encontramos muitas pessoas que de alguma forma parecia nos hostilizar, não tem nada haver com os moradores da cidade, apenas não nos sentimos confortáveis para sentar no banco da praça e descansar, uma sensação muito ruim. Com isso, saímos do restaurante, freqüentado por umas pessoas estranhas e fomos direto pedalar, para fora da cidade.

Paramos debaixo de um viaduto na rodovia. Esta experiência foi positiva sobre dois aspectos:
1º. Um motoqueiro com uma CB 400, moto que fazia um tempão que eu não via, nos vendo sentados na grama, bikes com alforjes, bandeira do Brasil, parou e veio conversar conosco, um peregrino que já fez o caminho de bike, foi como dizem “maior legal”, nos deu alguns conselhos e foi embora.
2º. Decidimos que não almoçaríamos mais, o melhor é levar um lanche para a parte da manhã e outro para tarde. O gel, as frutas e as barrinhas seriam suficientes, porém o jantar seria indispensável e fundamental. Não temos o costume de jantar, mas na viagem era a melhor coisa do mundo.

HOSPEDAGEM
No site do Caminho da Fé tem uma lista de pousadas e hotéis em todo o percurso do caminho, com endereço, telefone, pessoas para contato e sempre com mais de uma opção em cada local. É possível planejar seu pedal e determinar onde ficar, porém em algumas situações o planejamento tem que ser mudado. Podemos demorar mais do que o previsto ou ser mais rápido, e assim ficar em local diferente do planejado. O importante é observar se o local pede que informe sua estada com antecedência, alguns são sítios e precisam se preparar para receber o peregrino.

SUFOCO
Para o primeiro dia planejamos dormir na Pousada da Cidinha, em Vagem Grande do Sul. Imaginem só, era o primeiro dia, a ansiedade a flor da pele, não conhecíamos as indicações do caminho que, diga-se de passagem, são perfeitas, não da para se perder, mas até pegarmos confiança vai algum tempo. Com isso, estávamos inseguros e logo de cara planejamos pedalar mais de 70 km com muito morro, mas muito mesmo, subidas alucinantes, chegamos a tocar as nuvens, bem... quase. A Pousada da Cidinha não é uma das que precisamos fazer reversas, mas como todo paulistano organizado e agitado, eu tentei ligar várias vezes durante o dia, onde tinha sinal, evidentemente, mas não tinha conseguido. A noite foi chegando, cansaço nem se fala, e aí o bicho pegou, ficamos meio que desesperados para chegar, quando enfim chegamos, eu aprendi mais algumas coisas:
1º. O caminho é chamado de Caminho da Fé por uma razão muito simples, a própria fé.
2º. Confiar nas informações que contam no site é muito importante, pois chegamos exatamente no quilometro marcado, ou seja estávamos sempre no caminho certo.
3º. Existem anjos de verdade, eles estão em torno do Caminho da Fé e recebem os peregrinos de tal maneira que dá sentido a sua jornada, portanto vá com fé.

No final deste primeiro dia aprendemos que ter a fé é como uma "âncora", que nos mantém seguros em nosso propósitos.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Caminho da Fé - 1º dia

Foi dada a largada!
10/05/09
É isso aí meu amigo, o primeiro dia foi cumprido!
Agora estamos na pousada da Cidinha, em Vargem Grande do Sul, mas até chegar aqui... muitas coisas aconteceram!

Na parte da manhã pedalamos - 34K e na parte da tarde, pedalamos mais 39.43K.

Saímos 8h da pousada em Tambaú, depois de tomarmos um café da manhã, arrumarmos toda a "tralha"... a primeira vez ninguém esquece, percebemos que precisamos acordar meia hora antes do horário que pretendemos sair, só para deixar a bike pronta! Tirarmos umas fotos com a Nadia, roubamos umas frutas (banana e maça), fizemos um lanche de pão com queijo e fomos para a Sede do Caminho.
A sede do caminho fica ao lado do Santuário Nossa Senhora Aparecida, do Padre Donizetti. Lá estavam a Íris e o Alexandre, muito simpáticos e solícitos, que fazem todo o cadastramento dos peregrinos e entregam as credenciais. O número da minha credencial é 3.600 e o do Agnaldo, 3.601!
Tiramos uma foto em frente ao Santuário e começamos... com frio na barriga e uma agitação fora do comum.

Já os primeiros 6K não foram nada fáceis, demoramos 40min, muito íngreme e cheio de singles track! Uma subida de pedra, que só de olhar já desci da bike... não dava pra pedalar, só empurrar! começamos bem...
Mas foi só o começo, depois vieram os caminhos entre as plantações: café, muita cana, milho, feijão e laranja. Essas áreas produtivas são lindas, dão um show a parte! Nota 10

Chegamos no Santuário de Nossa Senhora do Desterro 12h30. Assustamos, porque estava meio abandonado e eu só pensando num pratão de comida!!! Claro, não tinha ninguém, não tinha almoço, tivemos que se virar no centro da Cidade - Casa Branca. Que por sinal não é uma cidade nem bonita, nem simpática, só estranha, com uma história triste.
Almoçamo num "self servise" quarqué (!) e não tivemos onde descansar. As pessoas da cidade nos convidam a ir embora.
Imaginem que, antigamente, a cidade tinha um hospital para leprosos que mais tarde virou um hospital psiquiátrico! Até aí tudo bem, mas o problema maior, é que a cidade abriga um presídio!

Seguimos direto para Vargem Grande do Sul e optamos por ir pelo asfalto, porque sabíamos que o caminho até a pousada da Cidinha não era nada fácil e ela não atendeu o telefone o dia inteiro, isso nos deixou preocupados!
Ainda no centro de Vargem Grande, paramos em um posto de gasolina e comemos um lanche. Aí sim, deu pra descansar um pouco.

Rumamos para a Pousada da Cidinha... todos os peregrinos que conversamos, nos indicaram essa parada. São 13K e, os últimos 3 são de matar!!! No último quilômetro subimos 309 metros... quase morri, se não fosse o meu super peregrino me ajudar! Mas o problema maior é que estava escurecendo. Após a subida, recomeçamos a pedalar e comecei a desesperar, pq a "dita" pousada nunca chegava. Passamos por várias casas abandonadas!!! Meu Deus!
Ainda bem que o Agnaldo é uma pessoa que nunca desiste, ele tem uma fé muito forte, mas estava preocupado, pois não conseguiu falar na pousada o dia inteiro, apesar que neste dia era Dia das Mães.
Depois de um tempo pedalando no escuro, encontramos a entrada da propriedade, a direita no caminho, uma entrada meio que escondida mesmo! Eu já estava entrando em pânico.
Quando encontrei a Cidinha, ela me deu um abraço, como se me conhecesse a 2mil anos... tirou todo o meu cansaço e nervoso. Foi como um alívio! Entendi, nesse primeiro dia, o que nos disseram sobre as pessoas que recebem os peregrinos nas suas próprias casas. São iluminados!

Enquanto tomávamos um banho, nossa roupa já estava sendo lavada e uma super janta preparada. Dito e feito! Comida preparada na hora: arroz, feijão, carne, ovo frito, legumes e salada. Começamos a perceber que não precisamos parar para almoçar, mas de uma janta como essa. Isso foi importante!

A cidinha é o maior alto astral, tão alto quanto o lugar onde fica a propriedade da família... só olhando pela janela, ao amanhecer, para entender o que digo.

Pra fechar o dia, massagem nas pernas, leitura, agradecer o dia e descansar para o próximo...

Carimbos do dia:
TAMBAÚ
Hotel Bertoncini
Sede - Santuário Nossa Senhora Aparecida
CASA BRANCA
• Pousada Nossa Senhora do Desterro
VARGEM GRANDE DO SUL
• Príncipe Hotel
• Pousada da Da.Cidinha

DST (distância percorrida) - 73.43K
AV (vel. média) - 10.8 k/h
TM (tempo de pedal) - 6h45min38seg


:)

sábado, 11 de julho de 2009

Bike e peregrinação

• Alongamento
• Postura na bike
• Alternar pedalando em pé
• Tomar bastante água e isotonico
• Depois de uma subida íngreme, descansar, tomar água e comer uma barrinha
• Passear, se divertir e tirar muitas fotos
• No final do dia, fazer um relaxamento
• Massagem nas pernas e pés, com creme relaxante
• Meditar sobre o dia
:)

Alimentação e Hidratação

Sempre que saímos para um pedal, levamos além de muita água, barrinhas e gel repositor, desses que compramos em qualquer loja de esporte e até mesmo em supermercados, porém desta vez nos preocupamos em levar algo que realmente fossemos precisar diariamente. Comprei logo de cara dois pacotes de maltodextrina, me falaram que é bom, precisei comprar dois potes plásticos com tampa para poder levar, ai começaram as duvidas, precisaria de um alforje só para levar a malto, que fazer? Buscamos socorro com a super-Linda, nossa super personal, ela fez suas pesquisas, consultou profissionais da área de alimentação e nos indicou o "Repositor Hidroeletrolitico para Atletas" da GU, foi sensacional, ele é completo e o que é melhor, já vem em saches que dá para uma caramanhola, ele tem maltodextrina, potássio, BCAA, substancias que necessitamos durante a prática de atividades físicas de longa duração, além de repor os sais previne a incidências de caimbras, ou seja aliviou em muito a bagagem e atendeu plenamente nossa expectativa. Preparávamos uma caramanhola pela manha e dividíamos em duas, a tarde o mesmo processo, ou seja gastamos dois saches por dia.
Além do GU levamos o Gel da Power Bar, rico em carboidratos ele dá aquela energia que necessitamos, e o fundamental após consumir um Gel é tomar em seguida água, pelo menos 200 ml, ajuda o organismo a digerir, pois ele é denso e pode dar dor no rim, não se esqueça, após o gel tome agua.
Não esquecemos de levar bananinha, essas em barras, além de ser muito gostoso, de adoçar o pedal, ajuda também na prevenção de caimbras.
Tudo isso nos alforges, estávamos quase prontos para começar o pedal.

Hospedagem

Ficamos num hotel categoria ... 2 estrelas, simples, com café da manhã igualmente simples, camas de solteiro, mas aconchegante, estávamos preparados e sabíamos que já éramos peregrinos e como lemos na bíblia "em tudo dai graças" enfim fomos bem recebidos, Nosso quarto era no andar térreo ao lado da recepção, porque havia uma festa na rua de trás do hotel, e nosso quarto foi escolhido para evitar o barulho, deu certo, porém..... com toda ansiedade para o inicio do pedal, o sono ficou muito leve, e as 2 hs da madruga disparou a campainha, alguém querendo entrar, sem sucesso, essa campainha tocou uns 30 minutos, depois disso foi difícil pegar no sono, e as 3 hs quando quase conseguimos dormir novamente... peennnnnn, a campainha de novo, foi difícil, mas depois disso fomos vencidos pelo sono.

Campinas - Tambaú

09/05/09
É chegado o dia!

Ontem à noite arrumamos nossos alforges e tentamos relaxar. Apesar da ansiedade, conseguimos dormir bem e logo pela manhã fui no Ana Scabelo Studio, da professora Carol. Ela tem uma clínica, no Castelo, especializada em "massagem terapêutica e reeducação postural." Sua massagem trabalha essencialmente costas, lombar e pescoço, muito show, além de nos alongar e passar uns exercícios para fazermos antes e depois do pedal.
Próxima parada é com a nossa personal Linda Ribeiro, o nome combina com a personalidade da figura. Acredito que existe uma harmonia entre nome, interior e exterior. Essa figura é uma profissional competente e com um astral fora do comum. Sim, ela é desligada. Exemplo: eu e o Agnaldo temos a mesma tatuagem na panturrilha, isso já faz uns 4 anos. Nossa personal só percebeu isso faz alguns meses... entre outros foras animadíssimos! Nossa aula com ela é uma mistura de muito suor e gargalhadas, perfect! A Linda complementou os cuidados aconselhando sobre alimentação e hidratação. Agradecemos muito toda essa atenção, será muito necessário pois iremos pedalar o dia inteiro, saber se preparar antes e prevenir lesões é crucial.

Mama fez questão de nos preparar uma macarronada, todo carboidrato é bem vindo! Aproveitei pra curtir a boa velhinha.
Com os últimos detalhes acertados, pude curtir um pouco meu filhão, dar uma atenção e fazer um dengo..

Bom, acho que é agora...
Saímos 16h30 de campinas, eu, o Agnaldo e o filho dele Filipe. Filipe vai voltar com o carro e nos buscar em Aparecida.
Fizemos uma viagem tranquila, graças a Deus, chegando em Tambaú às 19h15, no hotel Bertoncini, da Nádia.
Fomos direto para a igreja, ou melhor, o santuário Nossa Senhora Aparecida, do Padre Donizetti. A missa tinha acabado de começar e pudemos cumprir nosso tão esperado momento de benção para a viagem.
Saímos da igreja com muita fome e conseguimos descolar uma pizzaria em Tambaú, perto do hotel - Escadão Pizzaria - dá-lhe margarita... com toda a fome, parecia a pizza do Bráz, hehe...
Agora é descansar e preparar para o grande dia. Por enquanto foi moleza, mas amanhã... vamos nessa! Quem não "guenta", bebe leite!

Deus nos abençõe
:)
foto: Agnaldo na frente do Hotel Bertoncini, com a Nádia

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Nossas Bikes


Minha estréia no blog é precedida de muita vontade e disposição de escrever sobre uma das coisas que me dá muito prazer e me identifica com a Rosana, pois damos a mesma importância e intensidade: a BIKE.

Pedalar para nós deixou a muito de ser apenas uma atividade física, e se tornou também um estado de espírito, onde reunimos os benefícios do exercício com o privilégio do contato com a natureza nos seus mais diversos aspectos.

Nossas bikes são devidamente cuidadas para nos dar a segurança necessária em nossas pedaladas, e em especial nesta inesquecível viagem de Tambaú a Aparecida do Norte, tomamos todas as providencias para termos um tempo agradável sem surpresas.

Minha Bike é uma Giant ATX7 com grupo Shimano XT, freios a disco, suspensão das antigas uma Bomber da Marzocchi, que me acompanha já faz uns 7 anos e eu curto muito.

A bike da Rosana é uma Scott Scale 40 com grupo Shimano LX, freios a disco, suspensão Reba com trava no guidão.

Curtimos muito nossas bikes, sempre que possível é o mesmo mecânico que regula, no caso o Paraíba, esse é o cara. Para uma viagem longa ou uma pedalada de final de semana, vale o mesmo cuidado, os componentes são caros, e a manutenção preventiva ajuda muito na conservação. Vale conferir dicas de manutenção: http://www.bikemagazine.com.br/ neste site tem muitas informações, com certeza você irá encontrar uma que vai ajudá-lo.

Para uma emergência temos que ter sempre um bom jogo de ferramentas, aqueles do tipo canivete Suíço, porém de boa qualidade, com chave de corrente, um alicate de bico também pode ser muito útil.

No próximo post vou relatar algumas ocorrências durante a viagem e como resolvemos.

Abs
Guina

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Buscas

Antes de viajar, mesmo antes de sair de férias, a gente só pensava na viagem, só falava da viajem, sonhava com a viagem... natural para as pessoas em questão!

Com todas as pessoas que a gente conversava, todas, sem exceção, ficavam espantadas com o que teríamos pela frente. Ninguém acreditava que iríamos tirar férias para pedalar durante 1 semana, o dia inteiro. Pois é, mas acreditem, o casal estava irradiante!

Eu comprei 2 cadernos pequenos, pra gente fazer as anotações da viagem, na viagem claro... nosso diário de bordo. Não resisti e anotei algumas coisas pra ler quando estiver em percurso. Achei uma ideia feliz, escrever algumas frases de apoio e, entrando no site do caminho da fé, encontrei algumas recomendações, segue:

www.caminhodafe.com.br

• resistência física para enfrentar aclives e declives;
• seguir sempre as indicações em amarelo;
• não jogar lixo ao longo do caminho;
• o caminho passa por propriedades privadas. Respeite-as deixando porteiras e cancelas comos as encontrar (abertas ou fechadas);

a recomendação que mais me fascinou:
• o caminho visa às práticas cristãs e à meditação.

Depois de dar uma lida no site e também em alguns relatos de peregrinos que já fizeram o caminho, cheguei a conclusão do que realmente estava buscando:
Simplicidade

Com isso, tive a inspiração que faltava para me ajudar na escolha do livro que eu levaria, um livro de poesia. Fui logo na minha estante buscar algo de Drummond. Adoro um livro dele, que consegui em um sebo - As Impurezas do Branco, escrito em 1973.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os Alforges

As bikes ainda não tinham sido revisadas pelo mecânico, deixamos para a última semana, o treino teste, fizemos 3 semanas antes.

Nossa personal Linda Ribeiro, não somente linda como maravilhosa... nos recomendou que o alforge só pode levar 10% do nosso peso corporal. Até brinquei que eu precisaria engordar...
Então fizemos o alforge umas 3 vezes. Na primeira tinha até tênis, chinelo e bermuda social! Na segunda tiramos o chinelo e a bermuda. Na terceira, tiramos o tênis e voltamos o chinelo.

Conteúdo:
2 bermudas de ciclismo (eu levei 1 bermuda e uma calça)
2 camisetas de ciclismo (1 de manga comprida)
1 camiseta de algodão
1 calça de agasalho
1 blusa de agasalho
2 meias de ciclismo
1 meia para dormir
no meu caso - 2 tops
1 chinelo
remédios - kit primeiros socorros
produtos de higiene pessoal - shampoo, sabonete, pasta de dente, escova de dente
1 creme massageador
livro, bloco de notas, câmera fotográfica
gel e GU - repositor energético, barrinhas (14 unids.) e bananinhas
4 câmara de ar e kit de reparo
kit de ferramentas com chave para corrente
óleo, bomba de ar e faróis

distribuímos os miúdos um pouco em cada alforge e para os pertences pessoais, como carteira, os livros, as anotações e os óculos, compramos um alforge para o guidão... esse achei fantástico!


03 de Maio
Equipamos a bike com os alforges e fomos fazer um teste na trilha.

Paramos o carro no posto de Joaquim e pedalamos na estrada, até a entrada da Romasteli. Dá pra sentir o peso das bolsas, bastante! Mas no asfalto tudo bem, só pedalar com uma marcha mais leve.
Sentimos a diferença quando começamos a trilha por terra, principalmente na segunda subida, que é o um top maior... aí, só empurrando... e até para empurrar é difícil, estamos ainda sem jeito e também a sapatilha não ajuda.
Mas depois vamos nos acostumando... e segue o pedal!

Curti bastante a bike na descida, com o peso dos alforges na traseira, ela fica mais no chão, estabiliza. Quero ver com os pneus novos, porque esses, já estão carecas!

Paramos no Vicentão, tomamos um gatorade, tiramos umas fotos e seguimos de volta pela Curumim. Chegamos tranquilo até o carro, confiantes de que o maior cansaço vai ser arrumar e desarrumar os alforges!


Distância percorrida - 26K
Tempo percorrido - 1h43min

Valeu o teste, Tambaú que nos aguarde!!!

Planejando a Viagem

A nossa viagem para o Caminho da Fé foi planejada mais ou menos 1 ano atrás. Estávamos estudando a possibilidade de ir para a Espanha e fazer o Caminho de Santiago de Compostela, mas para esse, precisamos de mais de 1 ano para planejar e comprar tudo, deixaremos mais para frente.

O Agnaldo ficou inconformado com a falta de possibilidades para uma viagem como essa e começou a pesquisar... achou vários caminhos que podem ser feitos no brasil, tanto a pé, quanto de bike. O escolhido da vez foi o Caminho da Fé... e assim fomos organizando tudo.
A melhor data, a compra do equipamento, envolvendo muita pesquisa, pois a minha bike não é de cicloturismo, não tem encaixe para o alforge!

Mas com "seo" Agnaldo, tudo é possível, ainda mais no mundo do pedal...
Marcamos nossas férias para a segunda semana de maio, eu tinha 10 dias e o Agnaldo somente 1 semana. Gostaría de ter mais tempo, principalmente para poder ficar 1 dia curtindo alguma cidade que gostássemos no caminho... mas tudo bem.

Os preparativos começaram em setembro de 2008.

Compramos os nossos alforges de uma empresa especializada em equipamentos para cicloturismo, a Ararauna. Os donos também pedalam e são fundadores do Clube de Cicloturismo do Brasil, desde 2001. Excelente equipamento, além de bonito!
http://www.ararauna.esp.br/

O Agnaldo conseguiu uma loja em campinas (Fun Bike), que fez a adaptação do bagageiro na minha bike, ficou perfeito!
Paraíba, nosso mecânico preferido, deixou nossas bikes prontas para a estrada, com pneu novo, câmeras novas, correntes ajustadas, freios e câmbios perfeitos... esse é o cara!

Personalizei uma identidade visual para nossas camisetas da viagem e o Agnaldo mandou produzir. Esperamos que fiquem lindas, pois só vão chegar dias antes da viagem. Sem tempo para devolução.